“Reverenciado no mundo todo como uma das mais respeitadas vozes da resistência ao regime de discriminação contra a população negra da África do Sul, conhecido como apartheid, Tutu presidiu a Comissão de Reconciliação e Verdade, responsável por encaminhar um fim não violento àquela época de racismo e violência, e promover a integração racial na era inaugurada pela eleição democrática de Nelson Mandela” (TUTU, 2012, p.12)
“Decerto é bom saber que Deus (na tradição cristã) criou a todos (não só os cristãos) à sua imagem, em nós investindo valor infinito, e que foi com toda a humanidade que Deus estabeleceu uma aliança, retratada pela aliança com Noé quando Deus prometeu que não tornaria a destruir sua criação com água. Decerto podemos celebrar que a palavra eterna, o Logos de Deus, a todos ilumina - não só os cristãos, mas todos os que nascem neste mundo; que aquilo que chamamos Espírito de Deus não é um patrimônio cristão, pois o Espírito de Deus já existia muito antes de existirem cristãos” (TUTU, 2012, p.20)
O livro de Desmond Tutu, ganhador do prêmio Nobel da paz, representou um grito contra o regime do apartheid na África do
Sul. Os valores que sustentam sua causa advêm da fé e da visão de uma humanidade unida com base no conceito africano ubuntu (“uma pessoa só é uma pessoa por intermédio de outras pessoas") - Baseado nesse conceito ele ergueu a bandeira contra a intolerância em geral, defendendo a compreensão e a cooperação entre os diferentes credos e atacando o fundamentalismo religioso e a perseguição de minorias como gays e lésbicas.
Fragmentos do livro:
“É preciso receber o próximo e respeitá-lo por quem ele é, pisar no solo que para ele é sagrado de maneira reverente, tirando os sapatos, tanto metafórica quanto literalmente[….] É preciso estar disposto a aprender um com o outro, sem afirmar que temos a verdade absoluta e que, de algum modo, temos uma visão privilegiada de Deus. (TUTU, 2012, p.19)
DEUS E AS RELAÇÕES HUMANAS
RESENHAS E RESUMOS DE LIVROS
SEÇÃO 2: TEOLOGIA E FILOSOFIA EM DIÁLOGO
INTERSEÇÕES ENTRE SÊNECA E O LIVRO DE ECLESIASTES
Não é que tenhamos um curto espaço de tempo para viver, mas o desperdiçamos demais. A vida é longa o bastante e foi concedida em medida suficientemente generosa para permitir a realização de coisas maiores, se о tempo for bem investido. Mas quando é desperdiçado no luxo e no descuido, quando não é dedicado a bons fins, finalmente forçados pela necessidade última, percebemos que ele passou antes de sabermos que estava passando.
“Quantos minutos têm nossas horas? Quantos dias há em nossa vida?”
Sêneca
SEÇÃO 3: LITERATURA E TEOLOGIA
POEMAS - Diálogos com o livro “Eclesiastes”
O poeta na última hora da sua vida, de Gregório de Matos
Gregório de Matos Guerra nasceu na então capital do Brasil, Salvador, BA, em 20 de dezembro de 1636, numa época de grande efervescência social, e faleceu no Recife, PE, pelas mais recentes pesquisas, em 1695, embora a data tradicionalmente aceita fosse a de 1696. É o patrono da cadeira n. 16, por escolha do fundador Araripe Júnior. Foi o primeiro poeta a cantar o elemento brasileiro, o tipo local, produto do meio geográfico e social. Influenciado pelos mestres espanhóis da Época de Ouro, Góngora, Gracián, Calderón e sobretudo Quevedo, sua poesia é a maior expressão do Barroco literário brasileiro.
https://www.academia.org.br/academicos/gregorio-de-matos/biografia
Meu Deus, que estais pendente em um madeiro,
Em cuja lei protesto de viver,
Em cuja santa lei hei de morrer
Animoso, constante, firme e inteiro.Neste lance, por ser o derradeiro,
Pois vejo a minha vida anoitecer,
É, meu Jesus, a hora de se ver
A brandura de um Pai manso Cordeiro.Mui grande é vosso amor, e meu delito,
Porém, pode ter fim todo o pecar,
E não o vosso amor que é infinito.Esta razão me obriga a confiar,
Que por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.O poema acima é do século XVII, período
literariamente conhecido como “Barroco” que consiste em um estilo artístico e cultural que surgiu na Europa no final do século XVI, expandindo-se para a América Latina e se caracterizando pelo exagero, contrastes e expressividade, como forma de contrapor o racionalismo do Renascimento
SEÇÃO 3: DIÁLOGOS INTERARTÍSTICOS
REPRESENTAÇÃO DE PERSONAGENS BÍBLICOS EM PINTURAS
O livro “Jesus negro” do pastor Henrique Vieira representa um avanço nos estudos decoloniais em teologia, na medida que apresenta uma tese que questiona os sistemas de poder baseados no racismo, no patriarcado e nas desigualdades sociais. Na obra, o autor busca explicar o papel político de Jesus de subversão das estruturas ideológicas e políticas baseadas no controle do império romano sobre a Palestina e a exploração econômica do povo judeu. Nesse contexto, Jesus fez parte de um povo colonizado e oprimido pelo império romano e questionou, por meio de seus sermões e atitudes, a opressão vivenciada pelo povo judeu.
A Incredulidade de São Tomé, 107 cm × 146 cm, c. 1601-1602.
Sanssouci Picture Gallery, Potsdam, Alemanha. Referência: https://arteatevoce.com/caravaggio-dando-vida-as-historias-da-biblia/
Ceia em Emmaús, 1602 -1603.
National Gallery, Londres.
Crucificação de São Pedro, 1601.
Santa Maria del Popolo, Roma, Itália.
SEÇÃO
Sacrífico de Isaac, 1602.
Galleria degli Uffizi, Florença, Itália.
São Jerônimo (ou São Jerônimo Escrevendo) (WikiArt/reprodução)
Leia mais em: https://bravo.abril.com.br/arte/415-anos-da-morte-de-caravaggio-veja-5-pinturas-que-fizeram-historia/
Vanitas, de Pieter van Steenwyck, séc. XVII
O tema da morte, representada por uma caveira, surgiu muito cedo na arte europeia da história mais recente, por volta do século XIII. Conhecida como VANITAS, era uma categoria especial de arte que sugeria que a existência terrestre é vazia, vã, cheia de sofrimento e que a vida humana não era tão importante, no fim das contas.
Este tema foi bastante popular na época da arte barroca, Essa denominação tem como origem o livro bíblico do Eclesiastes, do Velho Testamento, que diz em um certo trecho: “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade”. Traduzido como Vanitas, significa literalmente “sopro rápido, efêmero” e a mensagem que traz é a de que devemos meditar sobre a natureza passageira e vã do mundo e da vida humana. símbolos da fragilidade humana, da brevidade da vida, do tempo que passa e da morte.
A HORA DO TESTEMUNHO
A visita do PAI
Em uma noite fria e sombreada, enquanto assistíamos TV, mamãe e eu, conversávamos sobre a vida, sobre nossas memórias, coisas bobas, dessas que falamos quando estamos com nossos melhores amigos. Mamãe, mulher de média estatura, cabelo liso, olhar maduro e experiente, escondia-me alguns papéis, exames recém trazidos do hospital.
Achei estranho e também curioso o fato de mamãe me esconder aqueles papéis. Seria algo sério? Mamãe parecia preocupada, pensativa. Tentei fazê-la sorrir, mas o ar estava pesava; havia algo nas entrelinhas. Tentei respirar profundamente para aliviar o estresse. Saí momentaneamente de onde estava, entrei no quarto, voltei, e quando encostei em seu ombro, percebi que ela começava a olhar aqueles exames. Nitidamente estava escrito “adenocarcinoma”. Olhei e pensei, “será isso mesmo”?. Ela, baixando a voz, me disse: “Seu pai está com câncer de próstata”.
Logo, ofegante, baixei a cabeça meio zonza, com a sensação de ter levado um soco de mão cheia., Levantei da cadeira, peguei água, andei vagarosamente em direção ao meu quarto, fechei a porta, sentei na cama e imediatamente uma presença quente, semelhante a um fogo ardente aqueceu minha cabeça, costas e olhos. Foi impressionante a sensação de sentir a presença vibrante do Espírito Santo naquele momento de dor e preocupação. A sensação de morte pairou sobre meu lar, mas a plenitude vibrante da vida alegremente afastou a dor, o medo e a preocupação.
Naquele momento percebi que a morte não levaria meu pai. Senti-me confiante, amada. Desde então, papai fez radioterapia e após um ano alcançou a cura de forma leve e segura. Assim, passei a acreditar em milagres. Sinto-me amada e abraçada por Deus e por sua infinita graça que se multiplica e me preenche todos os dias.
LIVROS SOBRE HISTÓRIAS DE TESTEMUNHO
LIVRO SOBRE NARRATIVAS DE MULHERES (link)
Meu nome é Camila Rodrigues Bastos. Sou professora doutora adjunta na Universidade do Estado do Amapá (UEAP).
Mestre em Literatura e Crítica Literária pela PUC- GO.
Graduada em Letras e também em Relações Internacionais.
Estudo teologia na Faculdade de Teologia e Ciências Humanas (FATECH) em Macapá.
Amo a vida, as plantas e a leveza sublime da criação de Deus e meu intuito de criar o site foi fomentar o diálogo da teologia com outras ciências no intuito de abranger as pesquisas e estudos interdisciplinares com a Teologia.